O PERDÃO NA FAMÍLIA
Estudo ministrado pelo Pr Josias Moura no culto de doutrina da Igreja
Missionária Betel Geisel
LUCAS 15.11-32
Como cristãos, cremos que Deus criou a família e a fez para que seja um
refúgio de paz, alegria e equilíbrio em meio à angustia, desesperança e
confusão da sociedade em que vivemos.
Entretanto, há várias ameaças que colocam em
risco a harmonia da família. É importante meditar no ensino bíblico a respeito
do perdão na família; mais importante ainda é viver este ensino.
Muitas vezes acontece, lamentavelmente, de
famílias experimentarem brigas e desentendimentos. São conflitos que surgem
entre esposo e esposa, pais e filhos, irmãos entre si, que, se não forem
tratados a tempo, resultarão em rompimento de relacionamentos, mágoas,
frustrações, enfim, fatores que podem destruir uma família. São muitos os
casais que se divorciam, irmãos que não se falam, porque surgiram problemas que
não foram solucionados.
A solução é o perdão verdadeiro.
Este assunto é de fácil compreensão, mas de
difícil execução. Entretanto, pela graça de Deus, vamos não apenas aprender o
que a Bíblia diz sobre isso, mas vamos viver este perdão. Para isso, vamos
estudar a conhecida parábola do “Filho Pródigo”.
LIÇÕES PRÁTICAS
1. O PERDÃO É UMA NECESSIDADE NO RELACIONAMENTO
FAMILIAR
Não é novidade para ninguém que toda família tem problemas. A família da parábola contada pelo Senhor não é exceção à regra, e
enfrentou problemas seríssimos. Estes problemas foram provocados pelo filho
mais novo, que exigiu de seu pai a sua parte nos bens. É interessante observar
que o rapaz pediu o que era realmente seu, porém, ele só teria plenos direitos
àqueles bens depois da morte de seu pai. O que aquele rapaz cometeu foi uma
ofensa terrível, quase imperdoável, tanto naqueles dias como hoje. Na prática
aquele jovem insensato estava dizendo que a vida de seu pai valia menos que
riquezas e bens materiais. Esta atitude irrefletida do moço provocou decerto
profunda mágoa no coração de seu pai; provocou também grande amargura no
coração do irmão mais velho. E, com certeza, ele mesmo ficou frustrado e
decepcionado, após ver que o dinheiro não lhe deu a felicidade sonhada e
desejada. Devido a um ato impensado, muito sofrimento sobreveio àquelas três
vidas. Só uma coisa poderia resolver tão
graves problemas: O PERDÃO. Com o perdão a paz voltaria aos corações
tristes e angustiados; com o perdão, o que todos os membros daquela família
mais desejavam seria obtido. Pois, o que toda família quer é viver em harmonia.
Se qualquer fator põe em risco este equilíbrio, o perdão precisa ser exercitado
para que a harmonia volte a reinar no lar.
Por mais graves que possam ser os pecados que
os membros da família cometem uns contra os outros, o perdão continua a ser uma
necessidade e, enquanto esta necessidade não for satisfeita, a situação dos
envolvidos só irá piorar. A passagem do tempo não é capaz de resolver muitos
problemas que surgem entre parentes – só o perdão é capaz de fazê-lo. Pedir,
dar e aceitar o perdão é uma necessidade vital para a saúde emocional,
espiritual (e até física) de qualquer família, seja da Palestina dos dias de
Jesus ou do Brasil do nosso tempo.
2. O PERDÃO PRODUZ RESTAURAÇÃO NO
RELACIONAMENTO FAMILIAR.
Além de ser uma necessidade que precisa ser
satisfeita, o perdão produz restauração.
Foi o que aconteceu na família retratada no texto básico: a recepção festiva
dada pelo pai ao filho mais moço que voltou para casa, indicava claramente que
houve perdão; e com o perdão, o ex-guardador de porcos foi restaurado à sua
posição de filho. Ele queria ser recebido como um simples empregado, mas a
restauração foi completa: seu pai o honrou, dando-lhe um anel, símbolo de sua
posição.
Sempre que há a prática do perdão, maravilhas
acontecem; relacionamentos inter-pessoais rompidos são restaurados;
consciências que se tomaram enfermas pelo peso de pecados cometidos, são
curadas; crises sérias são solucionadas quando há perdão. Isto tudo porque o
perdão dá a possibilidade de um novo começo, uma nova chance a quem errou. Este
perdão é dado porque foi recebido de Deus (Cl 3.13). Meditando sobre este
assunto, alguém disse que, “perdoar é considerar o outro como se ele não nos
tivesse ofendido em nada”.
A restauração produzida pelo perdão se dá em
vários níveis: em nível horizontal, no relacionamento da pessoa ofendida com
quem a ofendeu (e vice-versa); em nível vertical, no relacionamento com Deus; e
até em um nível interior, no relacionamento da pessoa consigo mesma. A
convivência familiar é altamente sujeita a problemas graves de relacionamento;
entretanto, se o perdão for pedido e for dado, haverá restauração, paz,
equilíbrio e cura de memórias feridas.
3. O PERDÃO É UM DESAFIO AO RELACIONAMENTO
FAMILIAR.
O perdão cura, abençôa e restaura. Sendo assim, era de se esperar que este assunto (perdão nos
relacionamentos em geral, mas especificamente em um contexto de família) fosse
mais vivido e executado no dia-a-dia dos crentes. Entretanto, não é isso que se
vê: geralmente, há uma resistência
quanto a dar e pedir perdão. Isto porque o perdão é um desafio. A cada vez
que nos encontramos em uma situação que exige perdão, somos desafiados:
perdoaremos ou não? Pediremos perdão ou não? A tendência natural das pessoas é,
devido ao orgulho, não conceder nem pedir perdão; mesmo os crentes, enfrentam
dificuldade em relação a tão importante questão. Neste caso, aplica-se o que
disse o Apóstolo Paulo aos crentes gaiatas: “porque a carne milha contra o
Espírito, e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si…” (Gl 5.17).
No texto básico, pode-se observar que a
parábola não foi concluída por Jesus – não se sabe o que aconteceu com o filho
mais velho, que tão indignado ficou com o perdão dado pelo pai ao irmão mais
novo e que nem entrou em casa (v.28): ele perdoou seu irmão? Reconciliou-se com
ele? Ou permaneceu irredutível em sua recusa de perdoar? Lucas não nos conta o
fim da parábola de propósito, pois cada ouvinte e cada leitor do Evangelho a
terminará com sua própria vida, perdoando ou recusando-se a perdoar.
O perdão é sempre um desafio seríssimo, que
deve ser enfrentado com oração e humildade cristãs. E é na vida em família que
este desafio se faz mais necessário. Vamos recordar que este desafio é
constante para o cristão, isto é, não há limite para o perdão que deve ser
dado. Jesus disse que devemos perdoar não apenas até sete vezes, mas até
setenta vezes sete (Mt 18.21, 22).
DISCUSSÃO
1. O que dificulta a prática do perdão na
família?
2. Você acha que em casos de traição conjugal,
rejeição de filhos, incestos, etc, é possível a aplicação do perdão? Comente
com o grupo.
3. “Eu perdôo mas não esqueço” – esta
afirmação é biblicamente correta? Justifique sua resposta.
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